Petiscos - Viagem de trem!

Na minha infância era normal viajar de trem de São João del-Rey a Tiradentes. Talvez possa parecer doideira dizer que eu amava e continuo com saudades do trilho, dos passar lentos, da fumassinha e do apito que na casa da minha avó sempre escutava. De manhã e de tarde, todos os dias, numa passagem de tempo sem fim.

Certa vez, no passeio, estávamos minhas irmãs, eu, meus dois primos do Rio e uma amiga deles. Fomos no último vagão, do lado de fora, para podermos dar adeus para quem quer que fosse. Ao passar na rua da minha avó tinha praticamente uma torcida. Eram umas dez pessoas, incluindo minha avó num adeus com gostinho de até logo.

Que coisa é a saudade! O trem ainda está lá. O tempo passou. A maioria dessas pessoas, inclusive a vovó, não estaria ali para o adeus. Aquele tchau que hoje realmente eu não queria dar. Se pudesse, senhor tempo, entraria nesse trem e parava o tempo naquele momento de felicidade, encontro e união familiar.

Virgínia Pellegrinelli