Sou filha de veterinário e sempre tivemos algum animal, como era de se esperar, numa casa com três crianças, nada melhor que um cão.
Durante minha infância convivi, morrendo de medo, com um boxe chamado Zeus. Ele, entretanto, era bonzinho de tudo, mas eu o via como um temível Jaguadarte, o monstro de mil cabeças que queria me morder sempre que eu chegava perto. O coitado, no entanto, me salvava, todas as vezes em que eu não queria comer, ganhava de bom grado os pães que eu jogava e ele engolia igual um pato. Tadinho, como todo ser vivente, um dia ele foi embora. Acabou que senti falta do meu grande e temível vilãozinho.
Nesta época estávamos quase de mudança para a capital mas meus pais queriam ter um cachorro para tomar conta da casa. Então meu pai conseguiu uma cadela que era uma mistura de weimaraner, pitbull e fila brasileiro, chamada Toyota. Ela era adestrada e foi apresentada, literalmente, a toda a família, vivendo conosco dias inesquecíveis. Eu achava ela o máximo e, apesar do medo, eu me sentia super segura com ela.
No dia da despedida foi difícil. Parecia que era uma velha amiga de longa data. Eu virei e saí quase correndo para que nem ela e nem ninguém visse que meus olhos estavam marejados de lágrimas que insistiram em silenciosamente cair...
Virgínia Pellegrinelli
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