quinta-feira, 9 de março de 2017

Petiscos - Zeus



Eu aprendi que alguns medos a gente inventa e sente por si só. Eu cresci ao lado de um boxer chamado Zeus. Ele era da minha irmã mas acabou que se tornou membro da família. Nossa relação teve altos e baixos, afinal, pequenina como era, tinha medo daquele grande cãozinho que nunca me fez mal.

Ele foi meu companheiro e por muitas refeições meu cúmplice. Eu era muito chata com comida, não conseguia ficar parada assentada na mesa. Era uma mordida e um passeio pela casa. Durante esses momentos que nunca vou entender o que os outros pensavam, eu jogava comida para meu fiel cúmplice e ele me ajudava a acabar com o alimento.

Porém o medo era enorme. Uma vez minha irmã foi falar que ele não mordia e Zeus acabou fechando a boca em seu braço. Terrivelmente horrorizada estava eu dividia num riso nevoso e um choro contido. Minha irmã pegou minha mão e então o bichinho fez comigo a mesma coisa. Lembro-me de chorar horrores assustando o ser que nem me machucou, certamente ele pensava que estava brincando.

Ele se foi e eu ainda sinto falta dele. Entre medo e amor há muito o que se viver.

Virgínia Pellegrinelli 

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