sábado, 27 de janeiro de 2018

Sobremesa - O caçador de pipas


Ingredientes:

1- Amizade e ciúmes;
2- Campeonato de pipas;
3- Segredos;
4- Talibã;
5- Fidelidade.

Modo de fazer:

Amir passou sua infância em Kabul e foi criado pelo pai que tinha boas condições financeiras. Ele era amigo de Hassan, filho do empregado de seu pai, e eram inseparáveis. Juntos competiam torneios de pipas e Hassan era considerado o melhor caçador de pipas. A relação dos dois se esfriou uma vez que o pai de Amir elogiava e tratava Hassan com muito carinho. Isso despertou grande ciúmes em Amir. Após um grande incidente os empregados foram embora. Amir e seus pai fogem para os Estados Unidos após a invasão russa. Muitos anos depois, com o Talibã no poder, Amir deve voltar a Kabul e ter a chance de consertar o maior erro de sua vida.

Eu estava devendo falar aqui dessa linda história. Há tempos li esse livro e fui surpreendida por tamanho show de fidelidade que só mesmo Hassan poderia mostrar. O filme é muito bonito porque a história é simplesmente comovente. Eu gostei mais do livro porque nele mostra muito mais a guerra  interior e o arrependimento que Amir tem com relação ao amigo. Nada justifica uma traição mas a forma como a vida se coloca para os dois reparar um incidente do passado é de tirar o fôlego.

“Por você faria mil vezes.” E isso não tem preço! O filme tem uma cena bem forte envolvendo Hassan e uma gangue mas no livro a gente chora só de imaginar o impacto. Também o filme mostra a realidade pré e pós Talibã. Inesquecível o filme!

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Petiscos - Histórias no ponto de ônibus


São tantas histórias de nossa época de estudante que às vezes precisamos parar e contar. As melhores são de ônibus. Eu era muito medrosa e mesmo o ponto do ônibus sendo a quatro quarteirões de casa, no interior de Minas, eu tinha que ir com minha irmã. Nós duas estudávamos no mesmo horário e no mesmo colégio.

A gente sempre passava na casa de uma amiga minha e encontrávamos outra vizinha no caminho. As quatro andavam e tagarelavam como se ninguém pudesse ouvir. Eu me sentia super protegida porque passávamos em frente a um colégio e um monte de estudantes ficavam mexendo com a gente. Eu morria de vergonha, coisa da idade, e imaturidade para saber que quatro não fazia a mínima diferença para um bando de marmanjo fazendo hora para dar o sinal da entrada.

Eu me lembro como se fosse hoje o dia em que minha irmã encontrou nossa vizinha e foi por um caminho diferente enquanto eu ia chamar minha amiga. Nesse dia a menina estava atrasada e não conseguiria ir de ônibus. Foi como se eu tivesse surtado! O caminho era linha reta e eu não sabia como chegar lá, como ultrapassar a falação dos estudantes e como reencontrar minha irmã.

Pobre de mim! Eu ainda me lembro tendo lágrimas nos olhos. O que fiz? Voltei para casa e pedi ajuda ao meu herói: meu pai! Ele me levou pelo caminho super difícil, encarando meus “monstros” e, no final, ao reencontrar minha irmã - que claro estava desesperada com minha demora - o objetivo foi alcançado!

Hoje eu digo que é a Síndrome da Cinderela. Com o pai te dando a mão você chega em qualquer lugar!

Virgínia Pellegrinelli 
25/01/2018

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Desventuras em série - Livro 2 - A sala dos répteis - Lemony Snicket


Ingredientes:

1- Novo lar;
2- Cobras;
3- Viagem;
4- Desafortunado.

Modo de fazer:

Os irmãos Baudelaire vão viver com o novo tutor, tio Mody. Durante a estadia ele têm uma ligeira esperança de melhoras ao conhecer a Sala dos Répteis. Descobrem inclusive que cobras podem ser mais amigáveis que alguns humanos. Durante esse tempo eles se preparam para uma viagem em que aos tropeços e outros sustos tudo, literalmente, dar errado. Inclusive quem pensamos ter sumido reaparece numa desafiadora aventura em que truques, livros e mordidas de cobra devem entrar no jogo.

Indiscutivelmente trágico o livro é bem convidativo. Amo o narrador que tem um humor negro incomparável. Inclusive graças a ele os leitores ficam com os pés no chão e não alimentam esperanças de final feliz. A história dos órfãos está longe do final e só fico imaginando as desventuras dos três pequenos.

Muito bom! Interessante para aqueles que querem uma leitura diferente e que foge de todos os clichês.

domingo, 21 de janeiro de 2018

Petiscos - Formiga e sua alma...



Acho que todos já ouviram falar da fábula da formiga e da cigarra. Enquanto a primeira trabalhava e juntava suprimentos para o inverno, a outra cantava e se divertia. O final, já li tantas versões, que vou deixar, quem quiser, pesquisar e correr atrás do seu final feliz. Porém hoje quero lembrar de outra história da formiga, que mesmo sendo trabalhadora e vivendo em uma comunidade...

Será que ela tem alma? Assistindo a uma novela, há tempos, Ciranda de Pedra, a personagem, Virginia, fica aterrorizada quando qualquer pessoa mata uma formiga. Ela lança a dúvida sobre a existência de uma alma. Desde então, um assunto nem um pouco discutido mas muito filosófico. Minha xará me deixou encucada. Quantas formigas já matamos? Algumas nem a vimos direito. Um pisar e elas já não existem. Pobres almas..., e elas continuam trabalhando em qualquer versão da daquela fábula tão conhecida...

Fica aqui o questionamento sobre a trabalhadora incompreendida. Por que matar a formiga sendo que ela nem sempre está em seu caminho? Será que há céu para a pobrezinha? Seja lá como for, é válido querer saber da alma das formigas... Um dia saberemos a verdade. Deixem-nas em paz e se cuidando para o próximo inverno...

Virgínia Pellegrinelli 
21/01/2018

sábado, 20 de janeiro de 2018

Sobremesa - Palavras de Amor


Ingredientes:

1- Soletrar;
2- Relação pai e filhos;
3- Segredos de família;
4- Religião.

Modo de fazer:

A pequena Eliza faz sucesso soletrando em concursos. Ela e seu irmão, Aaron, constroem uma amizade tentando chamar atenção do pai, o professor Saul. Ao mesmo tempo em que a mãe, Miriam, luta com um passado que tenta superar. Em um final surpreendente a família se vê diferente e mais respeitosa.

Um filme em que eu esperava mais. O pai nunca sabe a quem dar mais atenção. Em alguns momentos pensei que os jovens irmãos fossem brigar para chamar mais atenção dos pais, no entanto eles são mais maduros que os adultos. Achei um pouco desnecessário a história de Aaron querendo mudar de religião. Ficamos sem saber se foi para chamar atenção ou porque ele se encaixou em uma nova linha de pensamento. A história da mãe poderia ser uma pouco mais desenvolvida assim como seu relacionamento com o marido que é pano de fundo para a relação precária deles com os filhos.

Eu simplesmente adivinhei o final. Eliza é a garota que mais tem visão naquela casa. Porém achei um pouco “morte súbita”. Tudo poderia ter sido mais bem elaborado, fica muito para a nossa imaginação e não sei exatamente até que ponto gosto disse.

Enfim, é um filme diferente mas não achei muita graça. Acontece!

domingo, 14 de janeiro de 2018

Petiscos - Cidadezinha qualquer


Em favor dos estudantes de Letras eu sempre amei minhas aulas de português. Lá pela quinta série minha irmã teve que decorar o soneto de Mário Quintana, Cidadezinha cheia de graça. Foram tantas as declamações que eu decorei também. Chegou minha vez, na sala da mesma professora, dois anos depois, e quando ela pediu para ler eu simplesmente declamei quase que fazendo gestos. Ela amou! Vantagens de ser a mais nova.

Ainda hoje penso numa cidade pequena, cheia de graça e encanto. Um pequeno olhar guarda a cidade toda. Há tantas por aí que um poema é pouco para descrever. Ainda me vejo sentindo como o poeta querendo morar numa cidade tão pequena e acolhedora. Um lugar em que não haveria violência e os animais poderiam passear a vontade. O ponto de encontro seria a de igrejinha de uma torre só. Ah quem me dera viver por lá!

Depois de algum anos, em pleno Natal, minha irmã e eu relembramos esse poema. Meus sobrinhos acharam lindo e ela mandou eles decorarem..., claro que não tomamos deles depois, mas certamente eles tiveram contato com uma cidadezinha cheia de graça.

Virgínia Pellegrinelli 
14/01/2018

sábado, 13 de janeiro de 2018

Petiscos - O primeiro desenho


O primeiro desenho a gente nunca esquece! Eu nunca fui de muitas artes para o negócio. Porém pequenininha eu aprendi a fazer uma casinha e um fusca. No caso, a casa era a que eu mais gostava. Sei lá o porquê, talvez fosse porque colorir era a minha praia e aí eu podia fazer flores na frente e colorir com várias cores.

Uma vez no jardim de infância, a querida “tia” teve a brilhante ideia de pedir que dois alunos, por dia, desenhassem no quadro negro. A minha vez foi com um colega que era praticamente um Picasso. Não é que o cidadãozinho desenhou uma mansão dos sonhos de todos os pirralhos da sala? E eu, na minha humilde casinha escutando meus colegas amados falando “ela não sabe desenhar, imitou ele”.

Não me lembro de minha reação, ou da professora, ou mesmo do pequeno gênio ao meu lado, eu só sei que tive um bloqueio no quesito desenho que nenhum psicológico poderia me fazer aumentar a casinha que até hoje é minha maior criação na arte do papel e lápis.

Ah se na época tivesse o tal bullying, aí sim eu teria explicação para o meu bloqueio artístico!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Dumplin - Julie Murphy - Editora Valentina


Ingredientes:

1- Concurso de Miss;
2- Estereótipos;
3- Desencontros amorosos;
4- Realizações.

Modo de fazer:

Willowdean Dickson (apilidada de Dumplin pela mãe, uma ex Miss) convive bem com o corpo gordinho dela, por assim dizer. Inspirada pela memória de sua falecida tia Lucy e, claro, por Dolly Parton, decide num ímpeto participar do famoso Concurso Miss Jovem Flor do Texas. Inspiraras nela, um grupo nada convencional de adolescentes se inscrevem no Concurso e transformam uma competição de beleza em provação de valores.

Eu amei esse livro. Dumplin nos emociona a cada página com o seu ser, caráter, humildade e, acima de tudo, sua vontade de ser exatamente quem ela é. Além de romance, com direito a triângulo amoroso, amizades abaladas, empregos que pagam razoavelmente bem, o tema bullying se torna apenas mais um detalhe em sua vida.

É um livro para ler em poucas horas de tão bom que é! As falas e algumas cenas ficam marcadas para sempre em nossa memória. Acredito que depois dessa nossa nova “heroína” algumas misses repensarão o que realmente importa na beleza humana.

Recomendado! Aprovado! E ah, se eu pudesse, daria um monte de Spoilers porque é impossível ler e apenas colocar um ponto final. Dá vontade de reler várias passagens e certamente reviver emoções como se estivesse tendo contato pela primeira vez.

Sobremesa - A matter of faith


Ingredientes:

1 - Evolucionismo X Criacionismo;
2 - Ciência X Igreja;
3 - Debate.

Modo de Fazer:

Rachel é uma cristã que inicia as aulas numa faculdade e tem sua fé abalada pelas aulas do professor Kaman, que leciona biologia. Ele ensina a teoria do evolucionismo e argumenta contra a fé cristã. O pai de Rachel, Sr. Witaker, vai de encontro a suas opiniões e ambos se envolvem num debate a respeito do tema, em pleno campus.

Eu gostei muito do filme que me lembrou o Deus não está morto.  A relação pai/filha/igreja e o envolvimento com os colegas são bem construídos. Em algumas partes eu realmente me emocionei. Apesar de não termos muitas surpresas, o filme é um pouco previsível, mas a gente consegue ser tocado. O debate final é muito rico nas ideias de ambas as partes e realmente eu acredito que muitos professores de biologia por aí deveriam ver.

Muito bom o filme! Recomendadíssimo.

domingo, 7 de janeiro de 2018

Petiscos - Passarinho verde



“Eu vi um passarinho verde”. Momento aquele que diz que você está feliz e que gostaria de se sentar nas nuvens e bater os pezinhos. As pessoas notam que está sorrindo a toa e que nada pode te tirar o foco.

No entanto, há os passarinhos fofoqueiros. Aqueles que te contam um segredo e quando é revelado e todo mundo se assusta que você sabe é só soltar “um passarinho me contou”. Se eu eu quero florear coloco cor, às vezes azul ou verde, mas nunca revelando a pobre alma que falou mais que necessário.

Entre voos e adejares, os passarinho estão aí. Resta-nos enxergá-los e escutá-los. Distraindo dos problemas de nós mesmos e encarando os mágicos minutos sorridentes em que podemos ser um pouco distraídos para aguentar a dureza da vida.

Virgínia Pellegrinelli 
07/01/2018

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Petiscos - Momento pânico!


Janeiro é sinal de férias para muitas pessoas mas faço questão de trabalhar nessa época. Trânsito melhor, menos movimento e tudo parece que rende mais. Engraçado olhar as redes sociais e ver retratos de pessoas na praia, inclusive com alguns “barquinhos a navegar”. Sinto saudades nenhuma de alguns momentos de pânico.

Já precisei fazer travessias de barco em algumas viagens. O subir e descer das águas continuam mesmo em terra firme. Certas vezes precisei passar de um barco para o outro, mesmo sabendo que dava pé para mim, o simples respingar das águas me paralisava. 

Porém o pior de todos foi, em alto mar, com salva-vidas, usando um par de snoker, tentando ver o máximo possível, no meu mini mexer, o fundo do mar. Lindo, por sinal! No entanto, acompanhando uma irmã quase sereia, de repente, me vejo bem longe do ondulante barco. Um pânico simplesmente tomou conta. Em minha limitada razão estaria eu sem terra firme pelo resto da minha vida, morrendo sabe-se lá como, mesmo com bóia e um óculos para ver as belezas lá em baixo...

Minha irmã simplesmente me carregou de volta. Em cima do ondulante barco olhando a praia nada me fez ter tanto medo na vida. Por isso digo, vale as fotos, mas me deixem em terra firme!

Virgínia Pellegrinelli 
04/01/2018

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Sobremesa - Red Tent


Ingredientes:

1- Filha de Jacó;
2- Tenda das mulheres;
3- Siquém e Egito;
4- Perdão.

Modos de fazer:

Dinah foi a única filha (pelo menos mencionada na Bíblia) de Jacó. Esse filme é narrado por ela retratando sua criação pelas quatro esposas de Jacó: Lia, Raquel, Bila e Zilpa. Dinah se apaixona pelo príncipe de Siquém com quem tem um relacionamento. O rei comunica às pessoas do acampamento o casamento deles, quando Simeão e Levi lideram uma vingança à terra de Siquém. Após um grande massacre, a Bíblia termina o relato da filha do grande líder.

Porém o filme continua com Dinah grávida e indo para o Egito. Entre encontros e desencontros conhece um carpinteiro com quem se casa. Seu filho termina sendo empregado de José (governador do Egito) e assim ela tem a chance de voltar e pedir perdão ao pai.

A história de José é uma das minhas favoritas da Bíblia e vê-la como pano de fundo para uma história que foi apenas baseada nas Escrituras não foi uma boa ideia. Realmente algumas passagens me deixaram chateada. Por exemplo, quando os irmãos vendem José nem poço teve. A culpa foi toda de Simeão e Levi, como se os outros irmãos não tivessem participado. No final Jacó ainda está com a família em um acampamento e não foi José quem fechou seus olhos.

A ideia foi até interessante, porém algumas passagens, já que não seriam retratadas como está escrito, poderiam apenas chegar como notícia para a narradora. Uma vez que Dinah se mostra, pelo menos na tela, uma mulher determinada, teimosa, forte e uma exímia parteira, era de se esperar um pouco mais de respeito pela história bíblica.

Achei váido assistir mas confesso que fui até o final por curiosidade. Também os perdões trabalhados poderiam ter sido mais explorados. A mensagem ficou mas não foi nada que tirasse o fôlego.

Enfim, 2018 começou e teremos muito mais por aí!