Hoje venho aqui falar de uma
das personagens mais complexas da literatura brasileira. Aquela descrita como
ter os olhos de ressaca, de cigana oblíqua e dissimulada. Claro que é ela: Capitolina,
a Capitu de Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis.
A questão que atravessa gerações
jamais será respondida: ela traiu ou não o Bentinho? Enquanto no livro ele se
torna Dom Casmurro, uma pessoa introspectiva e teimosa, narrando sua vida sem
intervenções de nenhum interlocutor. Afinal, quem, em sua sanidade, iria
responder as dúvidas de nosso Bentinho?
O livro não deu chance à moça
de se manifestar. Ele é todo escrito por Dom Casmurro, na sua velhice, com
humor ácido, querendo juntar as duas pontas da vida. O que nos restou? Criar
teses sobre essa traição.
Seria ela real? Uma invenção
da cabeça do personagem? Talvez o ciúme doentio de alguém em sua casmurrice não
deixasse nós, simples leitores, questionar nem o ponto de vista da mulher...
nada seria capaz de deixar nosso Dom Casmurro menos desconfiado.
Nesse mês em que comemoramos o
dia das mulheres, faço questão de lembrar daquela mulher cheia de vida, que tem
um olhar que marcou um Casmurro e gerações inteiras.
Fala para mim, você acredita
na inocência de Capitolina?
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