Acabei de escutar uma canção do Fernando Anitelli, chamada “Durma Medo Meu”, do grupo Teatro Mágico, e me peguei pensando em meus medos. Uma parte da música diz: “Pára e bate o coração/Em pura disritmia/O medo amedronta o medo/ Vela, madrugada dia”
Essa parte do coração é pura verdade. Quando tenho medo de alguma coisa, eu paro para escutar os barulhos do coração e é uma pura disritmia. No meu caso, sempre lágrimas soltam desreguladamente.
Uma vez há alguns anos, fui de carona com minha irmã até o cursinho que frequentava. Chegando no local que ela me deixava tinha que andar mais dois quarteirões até o prédio. Estava segurando, além da bolsa (com MP3, com diversas aulas), um caderno e uma garrafa de H2O, que na época eu era viciada nele. Usava também uma pulseira com o símbolo do infinito, pulseira esta comum entre as 3 irmãs, símbolo nosso.
No meio do caminho encontrei quatro garotos de colégio e me pediram a água, logo dei, claro! Aí um pediu a pulseira e eu disse não e apertei o passo. Não sei como eles se interessaram em dividir a garrafa e não ligaram para mim ou para a pulseira.
A primeira coisa que fiz ao entrar no prédio foi escutar o coração completamente atrapalhado. E então, em vez de chorar, já que minha pulseira ainda estava comigo, liguei para minha mãe. Nessas horas a voz mais doce do mundo nos acalma. Não contei o acontecido, esperei chegar em casa, mas ela sabia pela minha voz que eu estava estranha.
O medo amedronta o medo, com certeza! Andar naquela parte nos dias seguintes foram como se andasse fugindo do inimigo. Qualquer pessoa estranha era motivo para atravessar a rua. Alimentei esse medo durante muito tempo e foi difícil esquecer a sensação ruim de por pouco ter perdido objetos valiosos para mim.
Agora sobre a madrugada, fica para outra história... Pois estar sozinho com nós mesmos, no escurinho do quarto, dá vontade de colocar nossos medos para dormir e esperar que eles não acordem mais.
Virgínia Pellegrinelli
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